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20 de Abril de 2024

OAB pede declaração de constitucionalidade da Lei de Cotas

há 8 anos

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) a Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 41, com pedido de liminar, em defesa da Lei 12.990/2014, a chamada Lei de Cotas. A lei reserva aos negros 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos e vale para cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União. Segundo a OAB, a existência de posições diversas sobre a constitucionalidade da lei justifica a intervenção do STF para pacificar as controvérsias.

“Tratando-se particularmente sobre a garantia da isonomia no acesso ao serviço público, os frequentes questionamentos judiciais exigem desta Suprema Corte a declaração de constitucionalidade da Lei 12.990/2014 in totum (em sua totalidade), a fim de reprimir toda e qualquer postura divergente, tanto em relação à constitucionalidade da reserva de vagas nos concursos para cargos efetivos e empregos públicos, quanto em relação ao respeito do procedimento da autodeclaração”, argumenta a entidade.

De acordo com a OAB, como a posição nas diversas instâncias do Judiciário não é uniforme, com decisões declarando a inconstitucionalidade da norma e também pedidos para suspensão de certames em decorrência da aplicação da norma, há o receio de que ocorram situações de insegurança jurídica em concursos públicos federais. Salienta que declarações de inconstitucionalidade da Lei de Cotas por outras instâncias da Justiça contrariam o julgado pelo Plenário do STF na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 186, que considerou constitucional a política de cotas étnico-raciais para seleção de estudantes da Universidade de Brasília (UnB).

A OAB afirma que a Lei de Cotas foi proposta com o objetivo de criar ações afirmativas de combate à desigualdade racial e proporcionar uma maior representatividade aos negros e pardos no serviço público federal. Destaca que a discriminação racial não ocorre apenas no campo da educação, mas também do trabalho, e que o processo de inclusão passa pela ampliação de oportunidades oferecidas pelo sistema escolar, pelo estado e pelo mercado de trabalho. Observa também que as cotas no serviço público representam uma extensão das cotas universitárias e configuram uma evolução das ações afirmativas no combate ao racismo e à desigualdade racial no país.

“A oportunidade de igualdade ofertada a um indivíduo por meio de políticas públicas no combate à discriminação racial, além de ter um efeito imediato sobre os destinatários da norma, tem um papel importante na configuração da mobilidade a largo prazo. É dizer, visa surtir efeito nas gerações futuras, fazendo com que a educação e o emprego dos pais influenciem o futuro dos seus filhos”, ressalta.

Em caráter liminar, a OAB pede a suspensão das decisões judiciais que entenderam inconstitucional a Lei de Cotas até o julgamento definitivo da ADC 41 pelo STF. A entidade argumenta que a insegurança jurídica atinge os candidatos cotistas e também a administração pública, pois a existência de decisão judicial determinando a nomeação de candidatos não aprovados, por meio de incidental afastamento da reserva de vagas, macula a eficiência da máquina administrativa. Afirma ainda que, mantidas as decisões contrárias à lei, qualquer concurso público federal estará sujeito a questionamento no Judiciário. No mérito pede a declaração de constitucionalidade da Lei 12.990/2014.

“As decisões proferidas pela inconstitucionalidade do ato normativo sob análise abrem perigosos precedentes, a conclamar a imediata postura por esta Egrégia Corte em razão da vultosa repercussão emanada ao ordenamento jurídico, tanto pela dimensão quantitativa, quanto pela fundamentalidade dos valores constitucionais em xeque”, conclui a OAB.

O relator da ADC 41 é o ministro Luís Roberto Barroso.

PR/FB

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17 Comentários

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É contraditório alguém dizer que defende a igualdade quando propõe medidas que, discriminatoriamente, concedem benefícios a certas categorias de cidadãos em detrimento da demais categorias. continuar lendo

Igualdade absoluta não existe, se existisse de fato a frase "tratar desigualmente os desiguais na medida da sua desigualdade" não teria o sentido que tem hoje em nossa sociedade. Sem uma certa dose de discriminação positiva não há como se falar verdadeiramente de igualdade material entre as partes.
Seguindo sua linha de argumentação o CDC e as legislações trabalhistas são contraditórias por propor diferenciação entre as partes. continuar lendo

Sr Bruno

"tratar desigualmente os desiguais na medida da sua desigualdade"
Ao usar cotas "raciais" para resolver uma desigualdade com base na "raça" o senhor primeiro tem de admitir que a raça negra é inferior. O que não procede.

"Sem uma certa dose de discriminação positiva não há como se falar verdadeiramente de igualdade material entre as partes."
Ai o senhor tem de mostrar porque a igualdade material é objetivo constitucional, moral e benéfica.

Não vejo a igualdade material como um objetivo a ser alcançado. Pois o que te faz feliz não é o que me faz feliz, ou seja, as pessoas valoram diferentemente as coisas, assim uniformizar o que as pessoas vão ter é TIRAR SUA LIBERDADE para terem o que quiserem e que conseguirem. Isto ainda mina o incentivo para que as pessoas rendam o seu máximo, pois a partir do ponto em que tem mais capacidade, esta não lhes retorna em mais possibilidade, pois receberão conforme sua necessidades (quem é que vai definir o que cada um precisa?).

P: O que o senhor acha que acontece numa sociedade em que o resultado de seu trabalho não retorna para o senhor na medida de seu sucesso?
R: Os melhores (aqueles com mais capacidade de geração de valor) vão embora. Empresas brasileiras já estão indo para o Paraguai; a coca-cola anunciou 1 Bi de USD em investimentos na Argentina (poderia ser Brasil), mais liberal, durante um período que o Governo Federal afirma ser de crise internacional; até lutador de MMA brasileiro, campeão de categoria, manifestou que não luta mais no Brasil.

Da CF-88
"Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade LIVRE, JUSTA e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as DESIGUALDADES SOCIAIS E REGIONAIS;

IV - promover o bem DE TODOS, SEM PRECONCEITOS DE origem, RAÇA, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação."

Acredito já ter lhe mostrado que impor igualdade material ataca a liberdade, e que é injusta. Agora lhe mostro que a CF88 não coloca como objetivo fundamental a redução de desigualdades raciais, e que na parte em que fala em promoção do bem, é de todos, sem discriminação racial.

A igualdade que deve existir é a IGUALDADE PERANTE A LEI. continuar lendo

Referências sobre informações de minha resposta:

https://youtu.be/U6EwWsAjVZk (Empresas brasileiras migrando para o Paraguai - Jornal da Globo)

https://youtu.be/MB1GLBZSQss (1 Bi de USD da Coca-cola para a Argentina)
http://oglobo.globo.com/economia/argentina-quer-us-20-bi-em-investimento-em-2016-diz-macri-18522564

http://www.msn.com/pt-br/esportes/lutas/impostos-brasileiros-de-quase-meio-milh%C3%A3o-fazem-rafael-dos-anjos-preferir-lutar-nos-eua/ar-BBozxQc?li=AAggXC1&ocid=mailsignoutmd (Até atleta de MMA "não é o capitalista malvadão e explorador" foge dos impostos brasileiros)

Ainda relato que conheço muita gente que, sendo bem capacitada, está migrando para o exterior, indo para países em que suas capacidades são vistas como insumo a ser comprado por preço justo, não como um privilégio burguês que oprime os "menos favorecidos". continuar lendo

"concedem benefícios a certas categorias de cidadãos em detrimento da demais categorias."
A lei não concede benefícios, mas tenta aproximar as oportunidades!!! continuar lendo

I - construir uma sociedade LIVRE, JUSTA e solidária;
Por que o "solidária" tu não colocou em maiúsculo também?

Tu nunca sofreu preconceito na pelé, pelo jeito continuar lendo

Sr Jean

Não destaquei solidária, pois não está em discussão solidariedade, ela não havia aparecido como argumento ainda. Mas se o senhor quer saber o que penso de solidariedade: não existe solidariedade imposta, ela deve ser voluntária, senão é apenas saque praticado por alguém com síndrome de Hobin Rood.
Solidariedade de verdade:
Hospital do Câncer de Barretos (https://www.hcancerbarretos.com.br/index.php);
Projeto Teto (https://beta.benfeitoria.com/construcaodeformatura), entre na aba bemfeitores e veja quantos anônimos;
Ricaços doando, em vida, a maior parte de suas fortunas (http://www.msn.com/pt-br/dinheiro/economiaenegocios/rica%C3%A7os-doam-suas-fortunas-para-caridade/ss-AAfW1M1
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/redesocial/2015/12/1713031-bilionario-brasileiro-doa-em-vida-60-de-sua-fortuna-para-causas-sociais.shtml)

Favor não faça mais ad hominem para desconstruir os argumentos de debatedores, além de feio depõe contra o senhor mesmo.

Favor me explique como criar uma lista em que pessoas com menor resultado objetivo podem passar a frente de pessoas com melhor pontuação não é criar benefícios. E quando as pessoas mais bem pontuadas não são chamadas porque a vaga foi atribuída a alguém menos pontuado, como dizer que esta pessoa não foi prejudicada?
Sim a cota cria benefícios para determinados grupos com base em critérios subjetivos a prejuízo para aqueles não enquadrados no grupo. continuar lendo

Ok. Vamos lá, tu já sofreu algum preconceito pela cor da tua pelé? Tu imagina o quão sério é isso? E pior ainda, o preconceito velado. Pesquise rapidamente no youtube relatos disso, ou então, pergunte pessoalmente. Antes de toda essa discussão, esse é o primeiro passo a realizarmos. Abraços! continuar lendo

O voto do relator a gente já sabe, afinal de contas foi aluno de Dworkin: a lei é constitucional. =D continuar lendo

É isso mesmo, por água abaixo a meritocracia, há de ter cotas, até porque, os negros são, em comparação a um branco, por exemplo, flagrantemente menos capacitados, além disso, todos os incidentes sociais ocorridos ao longo da história contra as "minorias" serão recompensados neste momento, não é. E, ora, o jovem, que não é negro, que hoje presta concurso, certamente, foi quem abarrotou os negros no passado, merecem ter seus sonhos ruídos, portanto.

Um salve às políticas de integração social. continuar lendo

Meritocracia é o conceito mais furado que existe em nossa sociedade hoje, não existe meritocracia de fato quando não se há igualdade de condições entre os competidores, nesse tipo de situação a "meritocracia" só serve como ferramenta de consolidação e fortalecimento das desigualdades históricas e sociais que existem em nosso país a séculos. continuar lendo

Senhores

Meritocracia é o comando executado por quem merece, isto leva a uma tecnocracia. São formas de governo autoritário, pois o governo é executado por quem merece ou por quem tecnicamente é mais adequado.

Isto não tem muito haver com o espírito do concurso público, que não supre os cargos com poder de governar. O espírito do concurso é a seleção de recursos humanos de forma a atender o melhor interesse da administração pública, ou seja, é uma "licitação" em que o preço sendo igual, se procura quem tem melhores capacidades de render mais.
Qualquer sistema de cotas (social, racial, de gênero...), por beneficiar elementos pertencentes a um grupo em detrimento de pessoas que alcançaram desempenho superior (medido de forma objetiva nos parâmetros do concurso) , seleciona elementos com desempenho aferido inferior. Ou seja, desvirtua o processo do concurso público.

No mercado, o mérito é avaliado pela capacidade de acumulação de capital. Isto independe da capacidade intelectual da pessoa ou de seu nível de instrução formal. No mercado o consumidor é o patrão, e ele elege diariamente por suas opções de compra, o que ele julga ser valioso e o que não. Assim, no mercado, Luiz Trabuco, Sílvio Santos, Luan Santana, Alexandre Pato,.... valem mais que eu, doutorando em Engenharia Mecânica.
Se isto me ofende?
Não.
Se isto me fere?
Não.
Meus troféus são outros, e tenho certeza que muita gente também quer outras coisas que não a riqueza destas pessoas (muitos querem a riqueza deles, mas ão gostaria de levar as vidas que eles levam). continuar lendo

Bruno, primeiro, penso que exagerou demais em seu comentário, ainda, ressalto, diga-me que um negro não pode chegar a um cargo público com seu esforço, com seu estudo e dedicação, que te chamarei de mentiroso, diga-me que um negro necessita de alguma vantagem para alcançá-lo , que reforçarei o adjetivo.
Somos todos iguais, fisicamente e intelectualmente. Penso que essa política de cotas escancara o preconceito e prejudica quem, por MÉRITO, deveria lá estar.
Cotas são para quem efetivamente detém alguma limitação, os portadores de necessidades especiais; e não para quem possui um pouco mais de melanina na pelé ou uma baixa capacidade econômica, e sabemos que os negros geralmente são esses, por isso acredito que isso tudo não passa de um jogo do Governo para tentar suprir sua ausência e sua falta de incentivo, mas que nada resolve e, como falei, prejudica quem realmente se dedicou.
Pra mim, conceito furado é instituir cotas para recompensar os sofrimentos históricos. continuar lendo

Isso poderá trazer precedentes perigosos, a interpretação da lei não é pura e simples resumida à formalidade, com toda essa evolução de cultura, tecnologia e novos costumes, na minha humilde opinião isso pode abalar a segurança jurídica. O brasileiro cada vez mais se afasta uns dos outros, voltando ao tempo dos primórdios dividindo-se em "clãns". Mas enfim; vamos ver o que o STF nos diz. continuar lendo