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25 de Abril de 2024
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    Eduardo Algranti critica "racismo ambiental" do Brasil na exportação de amianto

    há 12 anos

    O médico Eduardo Algranti, pesquisador da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro) e consultor em saúde ocupacional da Organização Mundial de Saúde (OMS), afirmou hoje (23) na audiência pública do STF que o Brasil, um dos maiores exportadores e consumidores do amianto, pratica uma espécie de racismo ambiental ao comercializar o produto para países que não dispõem de mecanismos adequados de controle ambiental. De manhã, foi dito com orgulho que o Brasil é um grande exportador, mas, como profissional de saúde, sinto-me tremendamente envergonhado com a nossa situação de exportador de risco, afirmou.

    Segundo Algranti, o Brasil hoje é tão ou mais mal falado que o Canadá que, embora tenha proibido o amianto em seu território, é o maior exportador mundial do produto. Ao tratar das perspectivas internacionais, ele assinalou que, entre 2000 e 2012, houve aumento significativo do número de países que baniram a crisotila, e ironizou o apelido de amianto light dado a essa forma de amianto supostamente inofensiva. Por que os países estão preocupados em banir se ele não faz mal?, questionou.

    Risco cumulativo

    O médico também apresentou estudos resultantes da atividade ambulatorial da Fundacentro e de um projeto específico de acompanhamento de funcionários de uma indústria de fibrocimento em Osasco (SP). O objetivo, alertou, foi o de provar a ocorrência de doenças associadas ao uso do asbesto e sua maior incidência nas áreas de atividade mais intensa relacionada à fibra.

    Algranti lembrou que, entre 1975 e 2009, o Brasil produziu mais de seis milhões de toneladas de amianto, das quais mais de 80% permaneceram no país sob a forma de produtos diversos e de resíduos. Cerca de 140 países usam o amianto, mas poucos usam tanto quanto o Brasil, o que representa um risco cumulativo para a população, assinalou.

    O ambulatório da Fundancentro existe desde 1984 e já atendeu mais de 3 mil pacientes encaminhados pelo SUS com suspeitas de doenças pulmonares, dos quais 1.333 foram expostos ao asbesto. Destes, 356 (26,7%) apresentaram quadros associados ao asbesto. A maior incidência, segundo o médico, vem da indústria de fibrocimento. É a que mais usa e onde a exposição é maior, afirmou.

    Há registros de casos, também, de trabalhadores de diversos outros sistemas de produção - vidro, metalurgia, indústria bélica etc. As doenças variam de acordo com tipo de indústria, observou. A atividade onde há menos doenças associadas, do ponto de vista ocupacional, é a mineração. A que tem o maior número de casos de câncer de pulmão é a indústria têxtil que utiliza amianto. As doenças registradas com mais frequência são a asbestose e as placas pleurais não malignas, mas há casos até de câncer de laringe.

    No caso da empresa de Osasco, que encerrou suas atividades no início da década de 90 depois de mais de 50 anos de operação, o principal tipo de amianto utilizado, segundo Algranti, foi a crisotila. Na região, a taxa de mortalidade por mesotelioma, um tipo raro de câncer, é cinco vezes superior à do Brasil.CF/VP

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